terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Um jovem judeu

A Sababah segue recebendo textos dos leitores. Dessa Vez, o autor é portoalegrense. Muitos provavelmente devem conhecê-lo. Matheus Astarita, o Tchukamira. Aproveita!

Um jovem judeu

Sou jovem, sou judeu, e vivo em uma sociedade onde sou minoria. Isso não é novidade para ninguém. Todos nós, jovens judeus, sofremos preconceito, mesmo que este não seja negativo, ainda assim, é preconceito. Sofremos preconceito de árabes, de cristãos, de ateus e, por incrível que pareça, dos próprios judeus.

As pessoas realmente não sabem o que é ser judeu, não sabem nada da nossa cultura, não entendem nossas tradições. Acham que os judeus são diferentes. Narigudos, barbudos e se vestem de preto. Acabam se esquecendo que somos pessoas normais, apenas com origem diferente. Já ouvi várias vezes: “Mas tu és judeu? Nem parece...”. Como assim, não parece? Eu deveria parecer como? Somos pessoas! Talvez se dissessem “Tu és filho da Sara? Nem parece...” eu entendesse, mas por que um judeu precisa parecer fisicamente com um judeu? Besteira.

Quem já teve a experiência de estudar fora do Colégio Israelita, provavelmente teve que responder muitas perguntas que para nós parecem óbvias. Nossos amigos “Goys” perguntando por que os judeus não trabalham no sábado, ou por que os judeus jejuam em Yom Kipur. Ser judeu é tão “anormal” para o resto da sociedade, que é comum um judeu fora do contexto ser apelidado de “Judeu”. Também podemos perceber que nem todos entendem que ser judeu não significa ser religioso. Podemos ser judeus laicos, não podemos?

Sou judeu porque minha mãe é judia, mas isso não significa que eu acredite em D´us, ou na Torá. Se eu me desconectar da comunidade judaica e estudar em um colégio de freiras, continuarei sendo judeu. Mas e se minha mãe não fosse judia? Eu seria judeu? Eu estudei quase a vida toda no Israelita, participo desde os cinco anos de um Movimento Juvenil Judaico, frequento a sinagoga sempre que posso. E aí? Eu seria considerado judeu? Para muitos sim, para outros não. Então afinal, o que é Judaísmo? Povo? Crença? Origem? Cultura? Tradição? Se for origem, ou povo, eu não poderia ser considerado judeu, mas sendo crença, cultura ou tradição, talvez eu fosse mais judeu do que muitos filhos de mãe judia por aí. No caso, minha mãe é judia, então eu preencho todos os “pré-requisitos” para fazer parte da comunidade judaica, mas tenho muitos amigos que sofrem preconceito até mesmo dos próprios judeus, porque são filhos de “goy”.

Como podemos lidar com o preconceito contra o nosso povo? Acho que antes de qualquer coisa, nós devemos saber a nossa própria historia, e tudo que nos envolva, para depois podermos explicar para quem não sabe, e quem sabe, terminar de vez com isso.

Mas devemos nos preocupar com qual preconceito? O dos não-judeus ou o dos judeus?

Matheus Engelman Astarita

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9 comentários:

Anônimo disse...

belo texto

Anônimo disse...

Parabéns, tem futuro!

elescaramujo disse...

hola. desde Argentina, pensando exactamente lo mismo. soy judía laica, mi madre es católica pero fui a Hebraica, estuve un par de años en Tzavta, y nadie puede comprender como yo qué es el judaísmo. sin embargo, es algo inexplicable, pueblo, religión, costumbre, historia, antepasados, persecuciones, Holocausto, Israel... he tenido problemas con algunos judíos ortodoxos para los cuales no soy judía, en fin... también he tenido problemas con algunos no judíos, especialmente los de ultraizquierda, que tienen una visión neoantisemita. me dio mucho gusto leer este texto. pasaré seguido por aquí. saludos. Myriam (de Buenos Aires)

Sababah disse...

Myriam, ficamos muito honrados com o seu comentário! Muito felizes pelo reconhecimento da Sababah na Argentina, e mais felizes ainda por saber que você continuará frequentando o nosso humlide blog! Muito obrigado! Equipe Sababah

Anônimo disse...

Como é a rotina de um adolescente e um jovem judeu no que diz respeito a prática da lei, a torá,etc?

Sababah disse...

Então, é impossível generalizarmos. Assim como em todas as religiões, a prática da religião judaica varia de jovem para jovem. Acredito que a influência dos pais e a vivência dentro da comunidade judaica são fatores que permitem ao jovem judeu um maior conhecimento sobre a Torá e os costumes e, consequentemente, a prática destes. Espero ter ajudado!

Anônimo disse...

Olá eu me chamo julian barthel. Nao sou judeu, pois meus pais nao sao, mais eu gosto muito do ponto de vista do seu povo, e sigo algumas tradiçoes mandamentos, e leio muito sobre o judaismo, mais nao entendo porque existe o preconceito entre esse povo, que de maneira nenhuma e digno de preconceitos, e mesmo assim nao existe respeito das outras pessoas em relaçao a esse povo, como se nao bastase serem assacinados na 2 guerra, e serem obrigados a fazer muitas coisas contra vontade.

LEANAR CALDEIRA IMÓVEIS disse...

Sou adolescente me chamo Ami Ben David Farias, praticamos o costume judaico e lei do Eterno, mais pouco me relaciono com outros da minha fé,pois moro em Cabo Frio-RJ. Um Shallon!

Anônimo disse...

oi gostei muito que os jovens judeus tentam manter a sua cultura espero me casar com um de vcs